quinta-feira, 1 de abril de 2010

Caleidoscópio Vicentino - Como fazer um Cubo em Cartolina

Meus Caros!
Finalmente convidada e a entender o mundo das blogosferas pela primeira vez na vida, sinto-me maravilhada!
Acerca do camarada Vicente
Tentei fazer um pequeno trabalho parvo à volta de algumas personagens do Auto que me surgiram, achei que talvez resultasse em alguma coisa senão nuns grandes minutos a leste do paraíso. Vou partilhar só porque me apetece e acho que sim: peguei numa folha e decidi fazer um estrangeirismo - um brainstorming - à volta das personagens que elegi.
Sem pensar muito escolhi palavras ao ritmo da chuva que me suscitassem de uma ou outra forma as personagens em questão e escrevi-as quase tão rápido como as pensei. Depois decidi ligar-me a essas personagens e escolhi algumas coisas que me são próximas e que de certa forma pudessem tocar em alguma coisa com as personagens, entre essas coisas objectos meus, roupa ou até os pacotes de açucar da nicola.
E depois como até estava a gostar da brincadeira liguei partes do meu corpo, acompanhadas com gestos, às palavras e aos objectos.
Foi fixe e descobri coisas novas e por isso foi bom!

Esta é a minha experiência na associação dos Vicentinos Anónimos, Xutem a vossa Portugal!

Catarina

Um Lamiré

Revisitar Gil Vicente, é remexer nas memórias de infância. Na experiência de brincar ao Diabo, deste Auto, na apresentação para uma aula de Português. Mais tarde e já em Coimbra, foi na Escola da Noite que aprendi a gramática Vicente, e sem a qual, garanto, não me poderia aventurar neste Auto da Barca do Inferno.

Trazer à cena o Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, é uma proposta arriscada, mas que permite-nos, aos Fazedores e público, revisitar os genes do nosso teatro. A questão a colocar não é se faz ou não sentido fazer Gil Vicente hoje, a resposta é óbvia, mas poderá ser: como fazer Gil Vicente transpostos 500 anos? Como comunicar todas as suas nuances, a sua musicalidade, e integra-lo no aqui e agora, sem esquecer que Coimbra, Gil Vicente, e o TEUC, traçaram tangentes tantas vezes.

Nesta encenação não pretendo actualizar, nem tão pouco fazer uma reconstituição histórica de um Portugal quinhentista, mas gostaria de burilar as suas palavras, de encontrar com as actrizes, seis por sinal, a sua fisicalidade, o seu jogo, e de construir uma trupe que brinca com e ao Teatro.

Queremos, e agora uso o plural, fazer um espectáculo íntimo, um espectáculo que nasce da proximidade física, onde a comunicação seja feita olhos nos olhos, tal como foram os espectáculos apresentados por Gil Vicente na Corte, em pequenos espaços, e deste modo, rir deste Mundo às avessas, rir dos outros, rir no passado para inscrevermo-nos no Futuro.

Entramos na Barca, resta saber para onde nos leva...

Ricardo Correia